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‘Jornal Nacional’ admite a Lula: ‘O senhor não deve mais nada à Justiça’

por Tiago Pereira

O apresentador William Bonner abriu a entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Jornal Nacional desta quinta-feira (25) com o tema corrupção, enfatizando a suspeição do juiz Sergio Moro na condução da Operação Lava Jato e frisando: “O senhor não deve mais nada à Justiça”. Isso para perguntar ao candidato como fará para evitar novos casos de corrupção em seu eventual novo governo.

Em resposta, Lula afirmou que, acima de tudo, o governo tem de ter instituições fortes para garantir a democracia no país. Lembrou que, em sua gestão, fortaleceu e criou novos órgãos de combate à corrupção e aprovou leis de combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. Além disso, garantiu autonomia para à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público (MP). Especificamente sobre a Lava Jato, Lula afirmou que a operação “ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política”.

“A corrupção só aparece quando você governa de forma republicana, e permite que as pessoas sejam investigadas, independentemente de quem seja. Pode ficar tranquilo que quem cometer erro, pagará”, disse o ex-presidente, reafirmando o seu compromisso com o combate à corrupção.

Lava Jato errou o caminho

Lula ressaltou no Jornal Nacional que o objetivo do então juiz Sergio Moro foi apenas condená-lo. Disse que “os procuradores da Lava Jato quase jogaram o nome do Ministério Público na lama”, e criticou a forma como o instituto da delação premiada é utilizado no país. “O que acontece é que aqui no Brasil nós temos um problema sério: as pessoas são condenadas pelas manchetes de jornais e depois não se volta atrás”, provocou.

O candidato também destacou os estragos na economia que decorreram dos erros de condução da Lava Jato. “Por conta da Lava Jato, tivemos 4,4 milhões de desempregados nesse país. Por conta da Lava Jato, tivemos R$ 270 bilhões que deixaram de ser investidos. E a gente deixou de arrecadar R$ 58 bilhões. E a engenharia brasileira foi praticamente destruída”. Ele citou que em países como Coreia do Sul, França e Alemanha, as investigações de combate à corrupção não levaram à quebra das empresas envolvidas, como ocorreu no Brasil, onde a cadeia produtiva em torno da Petrobras praticamente não existe mais.

“Voltar para fazer mais”

O candidato à Presidência da República, prosseguiu sua entrevista ao Jornal Nacional reafirmando que se candidatou para voltar a governar o país para “provar que é possível fazer mais”. “Quero voltar a governar para fazer as coisas melhor do que fiz. A minha obsessão, um homem de 76 anos, com energia de 30, é porque eu acho possível recuperar esse país. “Estou convencido disso”, disse o ex-presidente.

Ele mostrou, em linhas gerais, como é possível fazer a “a economia voltar a crescer, gerar emprego, com melhoria nas condições de vida nas pessoas”. “É preciso ter credibilidade, previsibilidade e estabilidade. É isso que vai garantir credibilidade externa e interna para fazer as coisas acontecerem no Brasil”, disse. Nesse sentido, ele frisou a importância de sua aliança com a experiência do ex-governador Geraldo Alckmin, seu candidato à vice, cabeças de chapa da coligação Brasil da Esperança.

Quando confrontado com a piora das condições econômicas ao fim do governo Dilma Rousseff, Lula defendeu sua sucessora. Disse que, em meio à crise internacional, manteve o desemprego em 4,5%, em 2014, menor taxa histórica. Ressaltou, porém, não concordar com o pacote de desoneração fiscal R$ 540 bilhões que a ex-presidenta aplicou para tentar estimular o crescimento. Ainda assim, lembrou que o então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, ao lado do Aécio Neves no Senado, fizeram de tudo para boicotar o governo.

Sobre como recuperar o equilíbrio das contas públicas em seu governo, o líder petista lembrou que, quando assumiu seu primeiro mandato, em 2003, o país estava quebrado. “O Brasil tinha 10,5% de inflação, 12% de desemprego. Devia US$ 30 bilhões ao FMI. Tínhamos uma dívida pública de 60,4%”. Durante a sua gestão, ressaltou que trouxe a inflação para o centro da meta, de 4,5%. Reduziu a dívida pública para 39% do PIB, e ainda acumulou US$ 370 bilhões em reservas cambiais.

Procuradoria-geral

Questionado se voltaria a nomear como procurador-geral da República (PGR) o primeiro da lista tríplice, como ocorreu nos seus dois primeiros mandatos, Lula manteve a questão em aberto. “Quero que eles fiquem com a pulguinha atrás da orelha. Esse negócio de prometer as coisas antes e da gente ganhar, a gente comete um erro”.

Por outro lado, Lula afirmou ao Jornal Nacional que não quer um PGR “engavetador” ou “amigo”. O mesmo valendo para outros postos-chave do governo. “Quero pessoas competentes, ilibadas, republicanas. E que pensem, sobretudo, no povo brasileiro. Nesse sentido, criticou o atual presidente Jair Bolsonaro. “Bolsonaro troca qualquer diretor da PF na hora que ele quer. Basta que ele não goste. E eu não fiz isso, e não vou fazer. O delegado não está lá para fazer as coisas que eu quero.”

Fonte: Rede Brasil Atual – RBA

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