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A SECA SURPREENDE EM SEUS EFEITOS DEVASTADORES

Já se vem dizendo faz tempo que as autoridades brincam com os efeitos da estiagem que se abate sob o Nordeste desde 2011. 10 milhões de pessoas estão expostas à fúria do clima que aumenta o calor e a insolação e dizima a flora e a fauna e devasta a vida dos animais de criação. Em menor grau, esse é um fenômeno recorrente que visita o povo sertanejo de vez em quando, mas, em proporções mais graves, demora às vezes até meio século para reaparecer com esse poder de destruição.

Já se sabe, através de estudos especializados que, apesar de tudo, o nordestino tende a suportar esse castigo psicológico sem depressão, mesmo perdendo tudo, como o morador dos morros do Rio de Janeiro que ver tudo sendo levado pelas enchentes e migra para outro lugar, quando não ocorre algo mais dramático como a morte de entes queridos. Não é o drama, é a saga dos pobres, tanto quanto ocorre nos cataclismas do Haiti e nas secas da África faminta. É a negação do poder econômico do mundo capitalista e a falência da caridade e da solidariedade humanas.

Os pobres nascem com a consciência de que a vida é feita de perigos, desastres e superação. Criam no psicológico um preparo para enfrentar as adversidades. Sabem que se esmorecem se acabam. Lutam, sofrem, choram, mas resistem com uma força que, via de regra, vem da fé. Ninguém acredita mais em Deus do que os pobres, que ainda entregam somente a Ele a salvação de sua vida e alma e a minoração dos sofrimentos terrenos, todos causados pela omissão dos que podem e têm poder.

Ah, se Deus contasse ao pobres de onde vem seu desamparo e tormento! Ou se eles entendessem pela via da fé que têm de cobrar mais de seus semelhantes do que de Deus! Esse descompasso precisa ser resolvido pela globalização, a maior revolução do conhecimento de toda a história da humanidade, que ainda não alcançou o milagre de salvar os desvalidos da indiferença e do desprezo de seus semelhantes.

DEPRESSÃO NÃO HÁ NOS SERTÕES DO NORDESTE diante dessa seca catastrófica. Mas há desânimo, desistência e fuga. Não há chuvas, não há água armazenada e os lençóis subterrâneos desceram às profundidades inexploráveis. Até a vegetação primitiva, originária dos tempos imemoriais da Terra está desaparecendo. Pessoas mais velhas estão morrendo em decorrência do calor. A vida animal alcança a extinção de várias espécies antigas. A economia leiteira e a criação de boi, bode e ovelhas, entrou em colapso. E todo o sistema econômico de sustentação faliu. Filhos e irmãos estão socorrendo seus parentes e pessoas abandonam seus lares e migram a busca de sobrevivência. Idosos da zona rural fogem de seu habitat de origem e, amargurados, não fazem mais plano de retorno. As despedidas são um quadro dantesco, inimaginário para quem mora distante.

Será criado, daqui para frente, uma geração que abominará suas origens, por que ela lembrará o sofrimento, o abandono e a morte flagrante ou a morte paulatina de seus ancestrais. Ninguém de fora está refletindo sobre isso e nem medita sobre as graves conseqüências desse êxodo bíblico.

Enquanto isso, os governos são os mesmos. Não há prefeitos para resolver nada que diga respeito a seca. Os agiotas continuam exibindo cheques do FPM das prefeituras, a fim de receber dívidas das eleições. A roubalheira aumenta em progressão geométrica e o despreparo dos gestores parece uma tragédia maior do que a seca.

O governo do Estado e o federal cuidam da reeleição, que é mais importante para os governantes do que qualquer projeto de transformação do meio, desgraçadamente numa época em que há mais recursos financeiros e tecnológicos. Mas um grande projeto estruturante demora, precisa de pacto com a sociedade e os poderes políticos. Não há mais tempo para Dilma e RC. Esses são os culpados, pelo menos agora.

Precisamos endurecer esse jogo. Só quem pode fazer isso são as pessoas politicamente conscientes e combativas. Essa seca é um instante especial, embora nada mais volte ao normal como antes, nem os mortos humanos ressuscitem ou recuperem o gosto e o amor pelas suas terras.

Se precisamos esperar mais, que esperemos. Mas o que veremos ainda vai doer e ofender muito mais.
Fonte:
WSCOM

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