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JOSÉ CALIXTO RAMOS (1928-2021): UMA VIDA DEDICADA AO SINDICALISMO

 

 

Morreu vítima de consequências da Covid-19, na noite desta quarta-feira (3), aos 92 anos, o presidente da NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores) e da CNTI (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria), José Calixto Ramos. Ou simplesmente Calixto, como todos o conheciam. Ele estava em Recife (PE), sua terra natal, e se recuperava bem das sequelas do vírus, mas teve parada cardíaca fulminante.

Calixto, pode-se dizer, teve uma vida intensa e uma militância sindical fulgurante. Ocupou todos os postos que o movimento sindical lhe reservou.

Calixto foi ministro classista temporário no TST (Tribunal Superior do Trabalho) representante dos trabalhadores, pela CNTI, no período de 1989 a 1995. Presidia a Nova Central, desde sua fundação, em 29 de junho de 2005, até então.

Sob sua coordenação, foram criadas duas estruturais sindicais de 3º grau — a CCT (Coordenação Confederativa dos Trabalhadores) em 1996; e o FST (Fórum Sindical dos Trabalhadores) em 2003 —, que foram embrionárias da NCST.

“Calixto foi um grande apoiador da luta das mulheres brasileiras, abrindo as portas da CNTI para encontros e congressos de entidades de mulheres. Grande amigo e colaborador”, lembrou a jornalista e ex-presidente da Federação das Mulheres do Distrito Federal, Eliana Reis.

 

TRAJETÓRIA SINDICAL

 

Nascido no município de Ipojuca — um dos integrantes da Região Metropolitana do Recife, distante cerca de 43 quilômetros ao Sul da capital pernambucana —, Calixto iniciou sua militância sindical na década de 60, do século passado, no setor metalúrgico.

Foi ativista e delegado sindical na base do Sindicato dos Metalúrgicos de Recife, quando em agosto de 1965 chegou à presidência da entidade. Em seguida, fundou a Federação dos Trabalhadores na Indústria do estado de Pernambuco. Ocupou na Federação o cargo de secretário até transferir-se para Brasília, na condição de vice-presidente da CNTI, fundada em 19 de julho de 1946 e reconhecida pelo Decreto 21.978, de 25 de outubro do mesmo ano.

Assumiu a presidência da CNTI em outubro de 1983, em razão do afastamento do então presidente Ary Campista. Foi eleito presidente da entidade, em pleito nacional, em 1985, sendo reconduzido sucessivas vezes até então.

Quando foi eleito presidente da Nova Central, Calixto já tinha muita estrada rodada e experiência acumulada para ajudar o movimento sindical a superar as dificuldades e aproveitar os avanços que obteve na chamada Era Lula (2003-2010).

 

FIGURA HUMANA ESPLÊNDIDA

 

Calixto era uma dessas figuras que não se esquece após o 1º contato; figura humana muito acessível, afável e tranquila. Foi um excelente quadro político do movimento sindical. A despeito de sua idade já avançada, se movimentava com desenvoltura de jovem nas lides sindicais, que são intensas e desgastantes.

Em 2008, quando as centrais sindicais foram regulamentadas por meio da Lei 11.648, de 31 março, Calixto e diversos presidentes de confederações sindicais de trabalhadores já haviam iniciado a estruturação da Nova Central, que a lei reconheceu e reforçou.

Desde então, o experiente dirigente sindical, com os presidentes das demais centrais, protagonizou ações políticas e sociais, dentro e fora do Congresso, no sentido de garantir e ampliar conquistas para os trabalhadores, que o impeachment da ex-presidente Dilma e os governos Temer (2016-2018) e Bolsonaro, em curso, estão suprimindo sem considerar que foram conquistados a duras penas.

Calixto era figura diferenciada no movimento sindical. Era amplo e firme em suas convicções. Se adaptou com desenvoltura à era das centrais sindicais, pois percebeu que apenas a estrutura das confederações não seria mais possível corporificar a imensa massa de demandas e novidades advindas do mundo do trabalho e as novas relações surgidas com os avanços tecnológicos, que se mostram irreversíveis e desafiadores.

 

Sônia Zerino – diretora para Assuntos da Mulher da NCST NACIONAL

 

Fonte: HORADOPOVO

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